Hoje recebi uma mensagem de um grande amigo, O Fotógrafo e Professor Paulo Rossi. Nessa mensagem há um link para um vídeo muito bacana sobre a tecnologia do livro que você pode ver abaixo, ou acessar em:

http://sentinela.tumblr.com/post/513953477/uma-tecnologia-revolucionaria ).

As conseqüências culturais do livro foram e continuam sendo fundamentais. Novas versões tecnológicas desse invento aumentam suas possibilidades de uso e difusão cultural e, não tenho dúvida, vieram para ficar. Paradoxalmente algo importante se perde nessa transformação. Seria algo pertencente ao campo afetivo? Estaria uma aliança secular que envolve reverência e amor ameaçada por um intruso revestido de mirabolantes possibilidades técnicas? Não é necessariamente assim, é importante lembrar que uma tecnologia não substitui necessariamente sua predecessora. O livro eletrônico é uma nova opção proveniente de um outro dominio tecnológico que se junta às alternativas pré-existentes. Por outro lado, mudanças como esta e muitas outras que nos surpreendem diariamente, são inexoráveis. Para compreender melhor essa dinâmica de mudanças sugiro a leitura de Ray Kurzweil. Esse autor pode ajudar a estabelecer o cenário para as possibilidades que o futuro pode estar nos reservando. Kurzweil é uma figura muito intrigante. Inventor, visionário e futurista descreve um futuro que é, a partir da visão que a maioria de nós tem dele hoje, surpreendente, no mínimo. Quem puder assista a entrevista de Kurzweil dada a Jorge Pontual (link abaixo) onde ele descreve suas idéias extravagantes, mas que merecem muita reflexão. Minha intenção ao trazer esse autor aqui é problematizar a evolução tecnológica e sua inextricável relação com a cultura e a biologia. Processos como a evolução do livro produzem conseqüências muito mais abrangentes do que poderia imaginar à primeira vista. O que mais preocupa, quando leio e ouço pessoas como Kurzweil, é a necessidade de se considerar a questão da inclusão social. Parece-me que se assim não for, rumamos para a diferenciação da espécie humana, uma espécie de Admirável Mundo Novo. Ofereço aqui minhas boas vindas ao livro eletrônico com a expectativa de que em seu novo formato cumpra seu papel (desculpe o trocadilho) de disseminar de forma abrangente e indiscriminada a cultura e contribua para o crescimento da consciência humana.

Link para entrevista de Ray Kurzweil dada a Jorge Pontual (28/12/2009) : http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1182695-7823-NO+FUTURO+DE+HOMEM+RAYMOND+KURZWEIL+E+MAQUINA+SERAO+UM+SO+,00.html

Da Biologia à Tecnologia

Às ferramentas de que nos utilizamos podemos atribuir o caráter de extensão sensorial. Desde o telescópio de Galileu, à câmera cinematográfica dos irmãos Lumière, até a Internet e toda parafernália de tecnologias de visualização, tanto na Arte, quanto na Ciência, olhos e demais sentidos equipam-se de forma a perscrutar, com sensibilidade ampliada, o cosmos e a nós mesmos, na alteridade e na nossa interioridade recôndita. Essa perspectiva que permite encontrar o ponto de articulação entre a mente humana, a cultura e a tecnologia conduz-nos a conceber o quanto fatores biológicos e tecnológicos podem ser considerados a constituir um continuum evolutivo.

Consciência, Cultura e Tecnologia

O conhecimento autoconsciente é a coroação evolutiva
dos processos perceptivos na espécie humana. A consciência é conseqüência
direta da complexidade biológica do nosso cérebro, cuja função é processar e
manipular a informação oriunda do mundo ao nosso redor. Ao desenvolvermos
dispositivos tecnológicos que alargam nossas possibilidades perceptivas,
conquistamos vantagens evolutivas, na medida em que a ampliação do
conhecimento, decorrente do uso dessas tecnologias, permite a diversificação do
número de possibilidades de relações vantajosas com o meio ambiente.